Sobre



Templo Polimata de Cruzeiro do Sul e centro internacional da Ordem Polimata dentro da tradição do Xamanismo do Caminho Verde. Centro de formação de mestres, pajés, curadores, arumuyas do Polimatismo, também local de convivência com as 18 tribos indígenas do Acre. O templo também concentra a produção de Ayahuasca e outras medicinas da floresta. Centro de estudos botânicos e sede dos trabalhos humanitários de apoio a população Norte do Brasil.

sexta-feira, 26 de junho de 2020

Lembranças de 2019, Polimatas e Txais

Haux Haux Haux
Nossas mais humildes reverências a todos!

Iniciamos o post de hoje lamentando o falecimento do Sr. Mario Poyanawa, importante liderança do povo Poyanawa. Sr. Mario foi o primeiro cacique geral da etnia, empossado em 27 de setembro de 1983Mario é pai do atual cacique, Joel Poyanawa.
O senhor Mario faleceu no dia 20 de junho de 2020 devido a complicações médicas após ser internado por conta do Covid-19.
A Terra Indígena (TI) Poyanawa fica na cidade de Mâncio Lima, aqui no estado do Acre, próximo a Cruzeiro do Sul, onde fica nosso Templo. Já visitamos algumas vezes a TI e temos muito carinho e respeito por todos eles.

Nossos sinceros sentimentos a todo povo Poyanawa!





Visitas as Terras Indígenas

No ano de 2019, realizamos algumas visitas à TIs. Eram outros tempos, podíamos passar nosso rapé em conjunto, tomar medicina e estudarmos um pouco. Atualmente o acesso às TI estão suspensas, ainda por tempo não determinado, devido ao novo Covid-19. Apenas equipes de Saúde Indígena são autorizadas. Existem equipes de vigilância de saúde que cuidam para que o acesso e circulação na aldeia seja mais restrito. Nós sabemos que a prevenção é uma das melhores armas no atual momento de pandemia, respeitamos as decisões das instituições Brasileiras em defesa dos povos indígenas, e por enquanto, nosso contato é apenas por raras mensagens via celular/internet, além é claro das boas lembranças.


Em setembro fizemos algumas visitas ao povo Noke Koi (Katukina).

Brincando com as crianças pela manhã. 

Em uma das vezes que tivemos a oportunidade de desfrutar de algum tempo com nosso irmãos txais nas matas da aldeia, participei da famosa "brincadeira da melancia", que também é conhecida por outros nomes:

 "A palavra vete designa todos estes jogos, mas vem sempre antecedida pelo fruto que se disputa ou substância com a qual se atacam. Assim, tavata vete é traduzido como "brincadeira da cana-de-açúcar" (https://pib.socioambiental.org/pt/Povo:Katukina_Pano)


    A brincadeira se baseia basicamente em defender uma fruta (no meu caso a melancia) das mulheres da aldeia, defender mesmo, impedir com que elas tomem a fruta dos homens. Depois disso é a vez dos homens tentarem tomar a fruta do time das mulheres.
A brincadeira é muito estimulada pelos mais velhos, que ficam em alguma parte do terreiro dando muita risada de toda situação, soltando gargalhadas com as mais inusitadas estratégias usadas pelos homens e pelas mulheres para conseguirem tomar a fruta do outro time.


Foi uma experiencia interessante e muito divertida. Motivado por uma metáfora, imaginei essa brincadeira como um treino. As vezes precisamos segurar firme nossos sonhos, mesmo que estejamos sendo "atacados", protegê-los e defendê-los (muitas vezes de nossas próprias limitações e medos) para que no final possamos desfrutar de uma boa fruta. Outro ponto interessante é que no final da brincadeira as melancias consumidas por cada time foram apenas as conquistadas, caso o outro time tenha tomada algumas melancia, um dos lados fica com menos.

Povo Shanenawa - Aldeia Shane Kaya

Em outubro, tivemos a oportunidade de viajar até as proximidades de Feijó, para encontrarmos nosso querido cacique Shanenawa Naynawa e o povo Shanenawa da aldeia Shane Kaya.
Foi ótimo rever o cacique, além de participarmos de uma boa noite de estudos, no dia seguinte conversamos um monte enquanto caminhávamos aos pés de 6 grandes Samaúmas que cercam o belíssimo terreirão de cerimônias e festividades da aldeia.

Tivemos pouco tempo para compartilharmos com nosso Txai nessa viagem, mas acreditamos que em breve poderemos nos encontrar novamente.







Aguardamos o mais breve possível podermos rever nossos amigos Txais e darmos continuidade a nossos projetos e parcerias, que se iniciaram a mais de 10 anos com as primeiras viagens de nosso querido Guruji em seus primeiros estudos na região.

Nossas mais sinceras e humildes reverências a todos os povos indígenas !

HAUX HAUX HAUX ! SHAVA SHAVA ! OOOOOO KAAANEEEEYAAA !!!!



Luis Felipe- Monge/ Membro Interno da Ordem Polimata.











sexta-feira, 12 de junho de 2020

Templo Polimata do Acre (Nawa) 2020

Segundo semestre na força da floresta!
 

    Nossas mais humildes reverências a todos!

    É com muita alegria que hoje, depois de muito trabalho, estamos retomando nosso canal de comunicação com a comunidade através desse blog! Temos muitas novidades, projetos e estudos que estamos desenvolvendo em nosso Templo Polimata de floresta, Templo Nawa, localizado nos entornos do riquíssimo rio Jurúa , na cidade de Cruzeiro do Sul no estado do Acre.

    Saudamos humildemente todos os povos da floresta, indígenas e não indígenas que habitam e cultivam a floresta!


                                           (Vista da varanda da nossa casa de hospedagem, estamos em fase de conclusão da obra).


     Nossa casa de hospedagem está em fase de conclusão, mas já é possível desfrutar dos quartos e da varanda ,em uma estrutura de casa alta, que faz com que nos sintamos bem próximo das copas das arvores.

                                    (Comunidade de devotos realizam diariamente atividades devocionais como Surya Namaskar¹).

                           ¹https://www.youtube.com/watch?v=UenX4_Vg5Hc&t=108s (Vídeo aula Polimata - Saudação ao Sol).

      Seguindo as orientações de nosso querido Arumuya Kane, dando continuidade ao nossos estudos de medicinas, fizemos aplicações de Kambo em nós da comunidade. Para fortalecermos nossos sistemas imunológicos e nos conectarmos com a natureza, com a floresta e o seres que nela habitam, nosso querido Kambo, que segundo algumas tradições foi usado para curar o neto de um pajé muito dedicado²

    Além da limpeza física e espiritual, a aplicação do Kambo nos deixa mais dispostos para o trabalho na floresta, que exige muita força física.


                                             ¹https://www.youtube.com/watch?v=vvg-iSlZkHg  (A historia do Kambo por Arumuya Kane V. S.).

     Em todo mundo estamos passando por um delicado processo coletivo causado pela pandemia, esperamos que esse processo seja passageiro e que voltemos a encontrar nossos amigos e familiares em breve! Aqui no estado do Acre não tem sido diferente do resto do Brasil, embora o Acre seja um dos últimos países (24º) no que diz respeito a densidade demográfica (concentração de pessoas por Km²)  no Brasil, temos uma quantidade significativa de contaminações e um número de mortes relevantes para o estado. Os hospitais com recursos são poucos e atendem uma demanda regional bem grande, além da dificuldade de acesso, devido á distância, a maioria das aldeias e comunidades não tem acesso ao consumo de água segura de nascentes ou poços, o que resulta em um cenário com diversos tipos de contaminações.

     Estamos organizando projetos que possam solucionar antigas dificuldades das diferentes comunidades tradicionais aqui do Acre e, em breve, divulgaremos mais informações sobre nossos projetos de ajuda humanitária e, também, como os irmãos que quiserem colaborar podem ajudar nossas ações.

    Pedimos humildemente a proteção e a força de Epã Iripã e a todos os seres da floresta!

    Que nos protejam e nos abençoem!

    Haux Haux Haux !


Luis Fellipe – Monge e membro e interno da Ordem Polimata do Acre.