Nossas mais humildes reverências a todxs!
Não faz tanto tempo assim que as medicinas da floresta, principalmente, o Rapé, a Sananga e a Ayahuasca são conhecidas por um amplo número de pessoas, fora os povos nativos da floresta e indígenas. Até pouco tempo atrás, as cerimônias eram restritas apenas para poucos membros das aldeias, ou exclusivamente para o pajé, porém essa realidade se transformou e hoje, tanto nas aldeias como fora delas, o uso das medicinas é mais aberto.
Aqui no Acre somos privilegiados com poucos (com relação o número de indígenas que havia inicialmente), porém resistentes, povos, grupos e comunidades que cultivam segredos milenares, e ainda praticam sua espiritualidade de maneira próxima da seus ancestrais. Não tenho ainda uma gama de informações e estudos suficientes para compartilhar com vocês sobre a trajetória das medicinas, da floresta, sua origem, até o atual espaço de destaque e relevância para o Brasil e o mundo. O que posso compartilhar com vocês até então, são minhas experiências, vivências e práticas de contato, amizade, e relações de estudos, junto daqueles que desejam dar continuidade a esse processo de aprofundamento da espiritualidade e das medicinas, em suas facetas: cultural, social, e ESPIRITUAL. O que quero dizer é, existem várias maneiras de olharmos para o mesmo fenômeno, e cada contribuição é uma experiência, nem melhor nem pior do que a de ninguém, porém única, para si.
Em nossa busca aqui pelo Acre, além de procurarmos estar próximos das melhores espécies e diversidade de plantas de poder, como nosso viveiro de Jagubes e Rainhas, procuramos também nos conectar com os irmãos indígenas, que buscam evoluir em suas jornadas espirituais.
Compreendemos que o processo de evolução coletiva, depende das maneiras em que mantemos nossas relações. Uma vez um sábio me disse "Sabe filho, convenhamos que os primeiros europeus que entraram em contato com os nativos, não foram nada cavalheiros". Nesse sentido, reflito sempre sobre a clareza que temos que ter para buscarmos construir relações verdadeiramente Dharmicas, harmônicas e respeitosas para com nossos irmãos.
No intuito de fortalecermos nossos irmãos indígenas e também garantirmos um uso de medicinas confiáveis, foi fundado o projeto ROME POTO.
ROME POTO, é como é chamado o espirito do Rapé para o povo NOKE KOI (Katukina) , povo de grande importância da cultura Pano.
A ROME POTO, surgiu com a ideia de fortalecermos nosso parceiros, amigos e feitores de rapé que vivem em aldeias. É fundamental compreendermos nesse sentido que o avanço do modelo de "desenvolvimento" do capital, e do consumismo, faz com que nossa jornada material, necessite de bases (rentáveis) para suprir nossas necessidades. Porém, isso deve ser feito de maneira responsável, não se trata apenas do comércio de medicinas para aqueles que precisam, mas sim de estarmos próximos da realidade dos nossos irmãos, para podermos ter clareza de como compomos esse cenário de uso e estudo das medicinas. Desta forma, com carinho e amor, procuramos pelos irmãos que, assim como nós, buscam uma melhoria não só para si, mas para todos os seus parentes.
Nesses encontros, tivemos a felicidade de conhecer vários feitores, e hoje vamos compartilhar com vocês nossa experiência com o povo Nukini, na figura do amigável do Txai Txane Pistyani Nukini.
Localizados na Serra do Divisor, nas margens do rio Moa, está a Terra Indígena Nukini. A Serra do Divisor é um lugar único, além de uma biodiversidade incrível, é possível sentir uma força espiritual constante. O povo Nukini, é guardião de muita sabedoria, contos, histórias e segredos que cercam a Serra. O mistério e a força da ONÇA é um dos mais importantes, pois a ONÇA é o espirito que dá o nome ao povo, Povo Nukini, povo da ONÇA.
( Para saber mais sobre a cultura, e informações acerca do povo Nukini acesse: http://romepoto.com.br/quem-somos/#etnias )
(Serra do Divisor, foto: Dezembro de 2019 - Luis Felipe - Acervo Nawa (Polimata)
Iniciamos nossos projetos em conjunto com nosso irmão Pistyani em 2019, o que resultou em dois feitios da medicina do rapé que já são distribuídos pelo site da Rome Poto ou nos Templos da Ordem Polimata, com ótima avaliação por quem utiliza e estuda a medicina.
Recentemente, ajudamos nosso irmão, através do projeto da ROME POTO a construir seu espaço de estudo e vivências espirituais em sua comunidade na Terra Indígena.
"Eu tbm sou muito grato meu irmão, por esse apoio que nos tá ajudando muito, principalmente eu, mais também todo o povo Nukini, com essa oportunidade já consegui realizar um grande sonho, fiz o primeiro espaço na sede da aldeia que depois do contato não tinha, esse espaço é pequeno mais é grande onde nós nos reunimos pra praticar nossa espiritualidade, fazia muito tempo que queria fazer e só agora com a ajuda sua e de seu grupo consegui fazer, eu tô muito feliz e grato.❤️ "
* Txane Pistyani Nukini
Início das obras do espaço na aldeia Nukini para cerimônias e estudos.
Obra concluída.
Saudamos humildemente o Povo Nukini !
Saudamos humildemente a força da ONÇA!
Saudamos humildemente a Paune!
Saudamos humildemente nosso pai e nossa mãe divino que nos acompanha.
Nisima!
Saludos a.mis Hermanos d Acre Município Cruzeiro do Sul .Haux.
ResponderEliminarMeus irmãos, parabéns pela iniciativa e pelo trabalho de vocês! Muito importante!
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